Há um acervo escondido,
Às vezes inacessível
Que, mesmo solitário,
É um ponto fecundo do ser.
Nele nasce a sede
Ou o vazio consumidor
Como algo que, de fato,
Existe, mas está sempre ausente.
Esta necessidade tem gosto
E aroma de uma falta do que foi,
De uma relação que era
E já não é.
Coração menino quer ser aceito
E teme o reencontro porque
Da frustração tem receio
Sua esperança com temor se debate.
Aflito, teme a vergonha
De gritar "Deus!" ao horizonte
E sofrer o silêncio
Que previamente desconfiou.
Mas, algo lhe espeta:
Esperança e desconfiança
De que um dia, ao horizonte,
Deus também lhe chamou.
Nesse abismo deixado
Pela ausência da outra parte,
De Deus nesse relacionamento,
Encontram-se jazidas de tristeza.