Inatismo ou apriorismo
Segundo esta linha de conceito, o homem já nasce “pronto”, com suas qualificações já predeterminadas. Assim, tanto suas emoções, sua capacidade de desenvolvimento físico ou intelectual, seu caráter, quanto suas crenças e sua posição social já estariam pré-definidas. Segundo Rios (1999), “apriorismo” significa “método de raciocínio fundado nas idéias a priori” (p. 103). Por conseguinte, ainda segundo Rios, “a priori” significa “conhecimento ou idéia que não tem sua base nos fatos já demonstrados, ou é anterior a estes fatos”, ou seja, “apriorismo” não é um conhecimento adquirido a partir de uma prévia experiência. Quanto ao “inatismo”, Rios não apresenta definição em sua obra, entretanto, apresenta-nos o vocábulo “inato” e seu significado como “que nasce com o indivíduo, nato, congênito, antônimo: adquirido” (p. 323).
Apresenta-se à sociedade um grande problema: devido ao seu caráter determinista, esta linha de pensamento dá margem à marginalização ou à rotulação das pessoas, gerando preconceitos e crenças que “algemam” ou superestimam indivíduos, famílias ou grupos sociais. A presença desta linha é marcante na sociedade e divide espaço com o “empirismo” no imaginário das pessoas, nas suas inferências e nas suas visões de mundo, principalmente frente a perfis que não conseguem diagnosticar imediatamente e que já foram taxados de “bons” ou “ruins”, “melhores” ou “piores”.
Populares, ditados como “filho de peixe, peixinho é” e “pau que nasce torto, morre torto” são usados como base alternativa ou principal de pensamento para julgamentos ou escolhas na vida, além de estarem presentes na literatura e no cancioneiro nacionais.
Empirismo e Ambientalismo
Segundo Rios (1999), “empirismo” significa
Teoria filosófica segundo a qual o conhecimento deriva-se da experiência sensível, (...) conhecimento prático originário exclusivamente da experiência (p. 240).
O Empirismo contrasta-se substancialmente ao Inatismo, revelando-se antagônicos. No Empirismo, o ser humano nasce sem qualquer “carga” que já determine seu destino, sua posição social, sua crença, sua trajetória ou seu nível de conhecimento. O principal defensor desta linha é o filósofo inglês John Locke (1632-1704), o qual
defendeu que a experiência forma as ideias em nossa mente, no seu livro Ensaio acerca do entendimento humano, de 1690. Na introdução, ele escreve que “só a experiência preenche o espírito com ideias”. Para argumentar a favor, Locke critica o conceito de que já existem ideias em nossa mente (ideias inatas). Ele procura demonstrar que qualquer ideia que temos não nasce conosco, mas se inicia na experiência.
A experiência, para Locke, não são as experiências de vida. Experiência para ele são as nossas sensações (sentidos). Ouvimos, enxergamos, tocamos, saboreamos e cheiramos. Cada um dos cinco sentidos leva informações para o nosso cérebro. Quando nascemos não sabemos o que é uma maçã, mas formamos a ideia de maçã a partir dos sentidos. Vemos a sua cor, sentimos o seu aroma, tocamos sua casca e mordemos a fruta. Cada uma dessas sensações simples nos faz ter a ideia de maçã. A partir da sensação, há a reflexão. Dessa forma, nossas ideias são um reflexo daquilo que nossos sentidos perceberam do mundo.
Com essa constatação, Locke afirma que, ao nascermos, somos como uma folha em branco. São , então, os sentidos responsáveis pelo preenchimento dessa folha (CELETI, 2011).
Numa perspectiva epistemológica, o Empirismo revela-se mais coerente e é usado nas sociedades em níveis e ocasiões ora propícias, ora convenientes, alternando-se como base de pensamento com concepções inativistas.
O Ambientalismo deriva-se do Empirismo e aponta a experiência dos cinco sentidos como fonte de conhecimento. O ambiente que nos cerca nos estimulam no processo de aquisição de conhecimento a partir de experiências vividas.
A forma empírica de obtenção de conhecimento é “visível” na obra de William Douglas. Segundo o autor, em “Como passar em provas e concursos”, o nosso funcionamento cerebral é fantástico pois, a partir da percepção de informações através dos sentidos, nosso cérebro usa sua enorme capacidade para receber estas informações, cruzá-las com outras novas/antigas e criar deduções (2010).
Referências
PAULA, Ângela. Inatismo ou apriorismo - Disponível em http://teoriasdaaprendizagem2009.blogspot.com/2009/06/inatismo-ou-apriorismo.html acesso em 22/03/2011.
CELETI, Felipe Rangel. Empirismo – Disponível em http://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/empirismo.htm acesso em 22/03/2011.
DOUGLAS, William. Como passar em provas e concursos – Niterói: Impetus, 2010, 25ª ed.
RIOS, Dermival Ribeiro. Mini dicionário escolar da língua portuguesa - São Paulo: DCL, 1999.
Mauro Vieira
www.myspace.com/maurovieira
(Trabalho entregue à Profª. Maria da Conceição do Centro Universitário de Belo Horizonte - UNIBH, da disciplina "Psicologia da Educação", curso de História)