terça-feira, 22 de março de 2011

Empirismo X Inatismo


Inatismo ou apriorismo

Segundo esta linha de conceito, o homem já nasce “pronto”, com suas qualificações já predeterminadas. Assim, tanto suas emoções, sua capacidade de desenvolvimento físico ou intelectual, seu caráter, quanto suas crenças e sua posição social já estariam pré-definidas. Segundo Rios (1999), “apriorismo” significa “método de raciocínio fundado nas idéias a priori” (p. 103). Por conseguinte, ainda segundo Rios, “a priori” significa “conhecimento ou idéia que não tem sua base nos fatos já demonstrados, ou é anterior a estes fatos”, ou seja, “apriorismo” não é um conhecimento adquirido a partir de uma prévia experiência. Quanto ao “inatismo”, Rios não apresenta definição em sua obra, entretanto, apresenta-nos o vocábulo “inato” e seu significado como “que nasce com o indivíduo, nato, congênito, antônimo: adquirido” (p. 323).
Apresenta-se à sociedade um grande problema: devido ao seu caráter determinista, esta linha de pensamento dá margem à marginalização ou à rotulação das pessoas, gerando preconceitos e crenças que “algemam” ou superestimam indivíduos, famílias ou grupos sociais. A presença desta linha é marcante na sociedade e divide espaço com o “empirismo” no imaginário das pessoas, nas suas inferências e nas suas visões de mundo, principalmente frente a perfis que não conseguem diagnosticar imediatamente e que já foram taxados de “bons” ou “ruins”, “melhores” ou “piores”.
Populares, ditados como “filho de peixe, peixinho é” e “pau que nasce torto, morre torto” são usados como base alternativa ou principal de pensamento para julgamentos ou escolhas na vida, além de estarem presentes na literatura e no cancioneiro nacionais.

Empirismo e Ambientalismo

Segundo Rios (1999), “empirismo” significa

Teoria filosófica segundo a qual o conhecimento deriva-se da experiência sensível, (...) conhecimento prático originário exclusivamente da experiência (p. 240).

         O Empirismo contrasta-se substancialmente ao Inatismo, revelando-se antagônicos. No Empirismo, o ser humano nasce sem qualquer “carga” que já determine seu destino, sua posição social, sua crença, sua trajetória ou seu nível de conhecimento. O principal defensor desta linha é o filósofo inglês John Locke (1632-1704), o qual

defendeu que a experiência forma as ideias em nossa mente, no seu livro Ensaio acerca do entendimento humano, de 1690. Na introdução, ele escreve que “só a experiência preenche o espírito com ideias”. Para argumentar a favor, Locke critica o conceito de que já existem ideias em nossa mente (ideias inatas). Ele procura demonstrar que qualquer ideia que temos não nasce conosco, mas se inicia na experiência.
A experiência, para Locke, não são as experiências de vida. Experiência para ele são as nossas sensações (sentidos). Ouvimos, enxergamos, tocamos, saboreamos e cheiramos. Cada um dos cinco sentidos leva informações para o nosso cérebro. Quando nascemos não sabemos o que é uma maçã, mas formamos a ideia de maçã a partir dos sentidos. Vemos a sua cor, sentimos o seu aroma, tocamos sua casca e mordemos a fruta. Cada uma dessas sensações simples nos faz ter a ideia de maçã. A partir da sensação, há a reflexão. Dessa forma, nossas ideias são um reflexo daquilo que nossos sentidos perceberam do mundo.
Com essa constatação, Locke afirma que, ao nascermos, somos como uma folha em branco. São, então, os sentidos responsáveis pelo preenchimento dessa folha (CELETI, 2011).

            Numa perspectiva epistemológica, o Empirismo revela-se mais coerente e é usado nas sociedades em níveis e ocasiões ora propícias, ora convenientes, alternando-se como base de pensamento com concepções inativistas.
O Ambientalismo deriva-se do Empirismo e aponta a experiência dos cinco sentidos como fonte de conhecimento. O ambiente que nos cerca nos estimulam no processo de aquisição de conhecimento a partir de experiências vividas.
A forma empírica de obtenção de conhecimento é “visível” na obra de William Douglas. Segundo o autor, em “Como passar em provas e concursos”, o nosso funcionamento cerebral é fantástico pois, a partir da percepção de informações através dos sentidos, nosso cérebro usa sua enorme capacidade para receber estas informações, cruzá-las com outras novas/antigas e criar deduções (2010).


Referências

PAULA, Ângela. Inatismo ou apriorismo - Disponível em http://teoriasdaaprendizagem2009.blogspot.com/2009/06/inatismo-ou-apriorismo.html acesso em 22/03/2011.
CELETI, Felipe Rangel. Empirismo – Disponível em http://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/empirismo.htm acesso em 22/03/2011.
DOUGLAS, William. Como passar em provas e concursos – Niterói: Impetus, 2010, 25ª ed.
RIOS, Dermival Ribeiro. Mini dicionário escolar da língua portuguesa - São Paulo: DCL, 1999.

Mauro Vieira
www.myspace.com/maurovieira
(Trabalho entregue à Profª. Maria da Conceição do Centro Universitário de Belo Horizonte - UNIBH, da disciplina "Psicologia da Educação", curso de História)
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